Legado de horrores

Maternidade da Cidade Operária  (Divulgação)
Era 09 de outubro de 2013, um dia de sol em São Luís. As bandeiras vermelhas tremulavam no céu ao som das bandas de fanfarras. Todas elas desciam em direção a Avenida Esteban Cento e Três, na Cidade Operária.

Algo aconteceu neste dia, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior acompanhado de amigos, hoje alguns ex-amigos, deu uma festa para lançar a pedra fundamental de mais um prédio histórico de São Luís, a primeira maternidade municipal.

Emissoras de televisão, rádios, portais e blogs apareceram para cobrir o fato que mudaria a vida de mais de 260 mil ludovicenses. A população estava com brilhos nos olhos, o prédio custaria R$ 25 milhões. Após as entrevistas e sorrisos, o evento acabou e a obra deveria começar imediatamente, porque o tempo de entrega era curto, crianças precisavam nascer.

Festa de lançamento da pedra fundamental  (Divulgação)
A maternidade ocuparia uma área de 6 mil metros quadrado, espaço de sobra para abrigar 132 leitos, destes, 100 leitos de internação e 20 de UTIs – 10 neonatais e 10 infantis. Todo terreno possuía 14 mil metros quadrados e, além da maternidade, uma praça serviria de espaço de lazer para população.

Começou a terraplanagem, fundação, os pilares foram erguidos e a obra parou. Em 2016, durante a campanha da reeleição do prefeito algo ainda foi feito. Segundo consta no Portal da Transparência, R$3.386.400,00 foram investidos, o que equivale a 14,11% do total.

Construção da Maternidade (Divulgação)
Os recursos do Governo Federal foram retidos, a empresa abandonou a construção e um esqueleto de concreto foi deixado para trás.

Começa o legado de horrores, os tapumes foram tirados e o espaço da maternidade vira um estacionamento. Meses se passam e os urubus tomam conta da região, porque o local vira um verdadeiro lixão. Os moradores ficam sem saber o que fazer, o cheiro incomoda e nada é feito para solucionar o problema.

Lixão no terreno da maternidade  (Divulgação)
Quase 7 anos depois daquele dia histórico de outubro de 2013, os tapumes são colocados de volta ao redor do terreno. A esperança volta aos olhos dos moradores, mas a placa erguida foi da construção de uma praça avaliada em R$ 2.505.518,53.

Seria uma boa, porque o projeto inicial prevê a construção de um local de lazer. No entanto, a praça está sendo construída no mesmo lugar que ficaria a maternidade. Os pilares do esqueleto de concreto foram demolidos e levado ao lixo junto com R$3.386.400,00.

Placa da construção da praça  (Divulgação)
A praça tem o prazo de 12 meses para ficar pronta e depois é só fazer uma festa com bandas de fanfarras e bandeiras vermelhas para cortar a fita de inauguração de uma promessa não cumprida.

Imagino o dia da inauguração e não paro de pensar no nome que essa praça terá. Será Praça da Mentira, Praça do Engano, Praça do Abando, Praça do Esqueleto, Praça do Não Nasce, Mas Se faz, Praça do Lixo ou Praça do Urubu?

Não sei o nome da praça, mas sei que esse legado de horrores jamais será esquecido!

 


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